domingo, 23 de junho de 2019

Onde o viajante me levou...




Eita que a gente viaja. Quem lê e reflete tem a mania de pensar. Pois bem, sempre, no período junino, gosto de ouvir o álbum do Sr. Lua, Eu e Meu Pai de 1979. Nele, um dos tantos clássicos do saudoso Luiz Gonzaga, A vida do viajante. Daí, essa cabeça que também viajante, sem sair do lugar,prestou atenção, mais ainda, no que era a vida dos nossos atuais velhos.

Atualmente, o ancião nascido em outras épocas, a depender de onde essa criatura tenha vindo, é incompreendido, abandonado, esquecido ou tratado com indiferença por  serem, na visão das novas gerações,  como ignorantes por não entenderem a modernidade. Entretanto, se a gente chega a pensar como foi a linha do tempo de milhares deles, vamos apreciar, ponderar e, principalmente, respeitar suas histórias. Muito do que foi erguido em nosso país,  tem as mãos calejadas de quem foi oriundo daqueles que só conheciam o “chicote no lombo”. Somos uma nação desenvolvida dessa forma, não adianta negar.A escravidão brasileira não ficou apenas no povo negro da nossa terra. Fosse um matuto/caboclo, fosse no norte ou no sul, subjugado ao dono da terra, tinha muito “pau no lombo” sim! Quer dizer,ainda tem. Eles se“desenvolveram” sem saber que direito deve ser nosso sobrenome. Que dirá o que é ser cidadão.Viveram sim, o tradicionalismo imposto sem perdão, ajoelhando no  milho por qualquer coisa que, relatadas, causam espanto. Claro!

Somos de uma outra época, ainda com muita luta, com diferenças gritantes, as vezes com as mesmas condições. Só que , com um detalhe: estamos tentando tirar o nariz todo de dentro d’água. Esses homens e mulheres dos 70, 80, 90 e 100 anos até, que temos a honra de conhecer, são história viva, quando o Alzheimer deixa, mesmo com o quê da ignorância por nós definida. Sendo a mesma, a realidade normal de outrora. Então, cabe pensar e indagar: esse legado não merece respeito?

Na minha opinião sim!

Se uma criança de três anos já tem sua posição diante de uma formação consciente, é obvio que os idosos não mudam suas opiniões. Muitos dos nossos velhos, ainda lúcidos, precisam sim de “corretivos” diante de certas atrocidades tidas como normais na época de sua juventude. Já outros são aqueles com a mente aberta, ainda sedentas pelas novidades e adaptações do século XXI, tentando se adequar para seu próprio bem e dos demais ao seu redor. Ou, aqueles que mesmo ignorando o novo, respeitam o ir e vir da maioria, apreciam e comparam com seu histórico. Não concordam muito e ficam contidos, admirados com a evolução.

Concluindo, como a vida do viajante me fez refletir nesse universo? Luiz Gonzaga pede ao seu filho Gonzaguinha que nunca esqueça de onde ele veio e onde tudo começou, com seu avó Januário e seu legado. Então, reveja o legado dos que te cercam, abrande o que for mais suave, corrija o que precisa
ser corrigido, sem crucificar os mesmos. Pois, muitos deles não sabem o que fazem.

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